“Longos dias após terem partido do vale e deixado a Última
Casa Amiga milhas atrás, ainda continuavam subindo. Era uma trilha difícil, uma
trilha perigosa, um caminho tortuoso, solitário e comprido. Agora podiam
contemplar atrás de si as terras que haviam deixado, estendendo-se lá embaixo.
A oeste, muito longe, onde as coisas pareciam azuis e apagadas, Bilbo sabia que
estava a sua terra, de coisas seguras e confortáveis, e a pequena toca de
hobbit. Teve um calafrio. Fazia um frio cortante lá em cima, e o vento soava
estridente por entre as rochas. Às vezes grandes pedras despencavam pelas
encostas das montanhas, libertadas do gelo pelo sol do meio-dia, e passavam
pelo meio deles (o que era uma sorte) ou sobre suas cabeças (o que era
assustador). As noites eram desconfortáveis e frias, e eles não ousavam cantar
ou falar muito alto, pois os ecos eram esquisitos, e o silêncio parecia não
gostar de ser interrompido – exceto pelo barulho da água, pelo gemido do vento
e pelo trincar das pedras.” TOLKIEN, J. R. R., O Hobbit.
capa original da primeira edição |
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